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Explosões de amor.

21 jun

Imagem: Google amigo

Acordei com explosões de amor hoje. Sei lá se é porque não estou acostumada a acordar às seis da manhã e talvez estivesse procurando bons motivos pra manter os olhos abertos, mas, desde a hora que levantei, não parei de pensar em coisas que me fazem bem. Explosões de amor são o que eu chamo daqueles flashes de excesso de amor por alguma coisa. É como se, sem algum aparente motivo, você se lembrasse de algum gesto, alguma palavra, alguma coisa que te faz bem e sentisse como se fosse explodir por dentro.

Um bom exemplo de explosão de amor

Quando acendi a luz ao acordar, a primeira coisa que vi, com olhos ainda embaçados de sono, foi um copo de água que deixei em cima de algumas caixas de papelão que estão amontoadas no meu quarto, porque estamos de mudança. Lembrei de estar até as duas horas da manhã de hoje em frente ao computador, e ser surpreendida pela presença do meu pai.

– Papi, o que você está fazendo acordado a essa hora?, perguntei.

– Perdi o sono e vim beliscar alguma coisa na cozinha, ele respondeu. Na sequência, devolveu a pergunta pra mim. Responder o que eu estava lendo notícias de futebol segurou ele comigo por mais alguns minutinhos, já que ele adora o tema. Antes de deixar o meu quarto, ele disse:

– Filha, não esquece de tirar esse copo de água daí de cima. Nessas caixas estão nossos lustres novos, não pode molhar.

É claro que eu só me lembrei do alerta dele hoje cedo, quando acordei e vi que tinha deixado o copo em cima da caixa. Aí, fui induzida a pensar em uma série de coisas – acho engraçado como um simples objeto pode causar uma reflexão enorme no ser humano. Pensei, primeiro, no quão fofo foi ele pensar que um copo com dois dedos de água de fato poderia causar algum grande estrago a um lustre dentro de uma enorme (e lacrada) caixa de papelão. O excesso de zêlo revela o quanto todo esse negócio de mudança é importante pra ele. É um desejo e uma conquista de anos de trabalho. Depois, pensei em como é bom estar acordada às duas da manhã e ser surpreendida por alguém que você ama. Parece tolo, mas essa foi, sem dúvida, uma demonstração simples de como nunca vou estar sozinha. E por fim, pensei que era melhor eu tirar o copo dali de cima. “Vai que…”, né?

Essa linha de raciocínio rápido me fez sentir um aperto delicioso dentro do peito. Um sentimento daqueles que invadem e fazem a gente pensar, numa fração de segundos, o quanto as coisas que realmente importam pra nós são deixadas de lado por causa da correria do dia-a-dia, que enquadramos tão bem no nosso falso conceito de vida. Afinal, o que é a vida sem a certeza de que quem a gente realmente ama sempre vai estar ali para prestar atenção nos detalhes enquanto estamos ocupados demais? Foi pensando em tudo isso que eu quase explodi de amor.

Por Flávia Elisa